"Em tempos de pandemia... empatia é substancial. Perspectivas, compasso, compaixão. A primeira pessoa passa a ser plural – Eu/Me = Nós/Conosco – Um no lugar do, e com o outro. Nesta dança de emoções e sensações, tudo floresce, desaparece, significa... ressignifica. O desafio diário passa a ser despertar, gestar as contradições humanas, construir, desconstruir, conectar-se, desconectar. Perseverar na resiliência, na disposição de aprender a aprender e renascer um novo texto, diante deste contexto."
Recebemos esse belo texto de apoio e partilha de conhecimento da professora Sônia Peres (PEBII LP/LEM E PCNP LEM de Osasco), que nos fez pensar um pouco a respeito do tema empatia.
Como a empatia funciona na prática?
E quando ela vai para a ação?
Mas a empatia é mesmo tão importante assim?
Existem obstáculos para ser empático? Como agir?
01. Aconselhar
Você se lembra de alguma conversa onde sua primeira reação foi aconselhar? Tentar ajudar a pessoa sem ela ter pedido ajuda, sem se certificar se ela queria sua ajuda, sem confirmar se você realmente entendeu a mensagem da forma correta?
Ou outros momentos em que tudo que você precisava era desabafar, mas o outro não permitia pois ele estava mais interessado em “te salvar” do que te entender.
02. Competir
Você já se viu nesta situação? Quando alguém compartilha com você uma experiência ruim pela qual ela está passando, mas você não consegue deixar de pensar em si mesmo. Na tentativa de ajudá-la a se sentir melhor, você a “consola” expondo situações que você considera piores. Mas na verdade, diminui a importância da experiência do outro e exalta a sua.
E outros em que você quer desabafar sobre alguma situação difícil que você está passando, e a pessoa fala sobre situações piores que as suas na tentativa de te ajudar. Você se sente na obrigação de se sentir grato de mesmo não estando bem (ou envergonhado por estar reclamando), pois “poderia ser pior”.
Ou também se ver tentando convencer o outro de que sua situação é difícil sim, e a conversa de torna uma competição de ambos os lados.
03. Educar
“Eu te avisei”. Como pode uma resposta dessa ser construtiva para quem quer desabafar?!
Isso é muito comum entre familiares. Não é a toa que conversas com familiares são as mais difíceis.
E muitas vezes, o que nos faz ser mais distantes deles do que de pessoas que criamos laços ao longo da vida.
04. Consolar
O consolo é encoberto por uma boa intenção, o que faz com que este obstáculo não pareça ser um. Mas é um obstáculo pois trata-se de uma fala que funciona como um ponto final ao que o outro diz. Além de ser resultado do desejo que a pessoa deixe de sentir o que ela está sentindo.
05. Contar uma história
Todo mundo conhece pessoas que tem uma grande necessidade de falar, de compartilhar suas experiências, seus pensamentos. E ela vê todas as conversas como oportunidades de satisfazer essa necessidade.
E quem nunca, não é? Tem alguns momentos que não estamos preparados para escutar, mas realmente precisando falar. É aí que caímos neste obstáculo.
06. Encerrar o assunto
Não apenas disso, mas comumente provém do grande mal da nossa sociedade: a falta de tempo. Escutar nos demanda atenção e dedicação. A conversa pode se prolongar de acordo com a necessidade do outro de falar.
Encerrar um assunto pode ser uma estratégia inconsciente também de pessoas que não estão preparadas para falar sobre aquele assunto, ou sentir aquele sentimento.
07. Solidarizar-se
Dizer “Ah, coitadinho” implica que já sabemos tudo que o outro está sentindo, pensando ou pedindo. Não dá espaço para que ela expresse isso.
Precisamos lembrar que a emoção/necessidade/pedido que você teria na situação mencionada, pode não ser a mesma do outro.
08. Interrogar
Quando permanecemos na praticidade, limitados ao plano da resolução dos problemas, a empatia dificilmente consegue entrar. É preciso querer compreender antes de resolver.
Esteja mais preocupado em compreender os sentimentos, necessidades e pedidos do outro, antes de satisfazer sua curiosidade, antes de definir um diagnóstico ou sugerir um tratamento para o problema do outro.
09. Explicar-se
Se você cai neste obstáculo, ainda está pensando mais em você do que em escutar e compreender o outro.
Antes de qualquer coisa, antes mesmo de entender o que está acontecendo, nós temos a necessidade de sentir nossas consciências limpas diante de algum imprevisto.
Muitas vezes, a outra pessoa nem mesmo associou o imprevisto com algum erro seu, ela só precisa expressar o que está sentindo.
10. Corrigir
É mais um exemplo de quando permanecemos no plano prático da situação, e negligenciamos os sentimentos, necessidades e pedidos do outro.
Principalmente em situações em que sentimos a necessidade nos defender de algum ataque, nossa empatia muitas vezes se esvai. Nestes casos, antes de corrigir a pessoa e se defender, é preciso controlar as emoções, procurar entender os sentimentos, necessidades e pedidos do outro, se quisermos chegar à resolução do conflito.
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Quanta coisa aprendemos não é mesmo? Para refletir um pouco mais a respeito, ficam as dicas de dois vídeos:
Fresno - "Cada acidente"
Uso da habilidade socioemocional na escola
Créditos: Colaboração da professora Sônia Peres
"Obstáculos para a empatia"(adaptado) - texto original por Juliana Matsuoka
Só complementando o comentário, os pontos apresentados no texto "Obstáculos para empatia", são bem relevantes para as relações, já que a tendência do ouvinte é trazer para si o problema do outro e fazer julgamentos.
Bastante esclarecedor e reflexiva a abordagem.
Professora/Supervisora
Roseli
Boa tarde!
Gostei muito da forma de desenvolvimento do tema, empatia. Muitas vezes não nos damos conta de que as pessoas precisam ser simplesmente ouvidas e respeitadas, naquilo que as aborrece, perturba, entristece, ou simplesmente diante da necessidade de um bom diálogo para compartilhar uma ideia nova.
Ser um bom ouvinte é saber entender se o encontro com seu interlocutor está propenso aos seus próprios assuntos, naquele momento, ou os assuntos do outro são prioritários, dada a urgência ou o estado emocional do companheiro de discurso.
Aí é que mora a sensibilidade, a necessidade de entender a importância de ouvir, mais de que falar. Além disso, saber mediar os comentários, não se posicionar como o "salvador da lavoura", nem se…