Em tempos complicados como os que estamos vivendo a informação é fundamental. Ela desfaz o medo, traz segurança e aproxima as pessoas para juntas e sem preconceito resolverem os problemas.
Pensando nisso, trazemos algumas perguntas e respostas importantes sobre a Covid19 (Corona vírus).
Quais são os sintomas da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus?
A maioria das pessoas que desenvolve sintomas começam a aparentá-los ao redor do quinto dia, segundo os dados disponíveis até agora.
Os principais são: febre, tosse e dificuldade para respirar. Em um número menor de casos há espirro e coriza. Em geral, após uma semana, a doença causa dificuldade para respirar e alguns pacientes necessitam de tratamento hospitalar.
Mas nem sempre todos esses sintomas aparecem.
Pessoas que não desenvolveram sintomas até o dia 12 têm pouca probabilidade de desenvolvê-los, mas ainda podem carregar a infecção.
Quão letal é o novo coronavírus?
A taxa de letalidade da doença provocada pelo novo coronavírus é estimada em 2,3%. Ou seja, a cada 100 pessoas que contraem o vírus, em média, pouco mais de duas morrem.
É muito quando comparada à taxa de mortalidade da gripe comum, de menos de 0,1%, mas pouco quando comparada a quantos morreram, por exemplo, com a Sars, doença ligada a outro coronavírus que surgiu na China em 2002 e registrou taxa de mortalidade de cerca de 10%.
Mas esses dados estatísticos não são precisos porque milhares de pacientes em tratamento ainda podem morrer, o que elevaria a taxa de mortalidade. Por outro lado, também não está claro quantos casos leves podem não ter sido reportados, então a taxa de mortalidade também pode ser menor.
Quantas pessoas sobrevivem ao coronavírus?
No surto atual, com base em dados de 44 mil pacientes infectados pelo novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde informa que:
81% desenvolvem sintomas leves;
14% desenvolvem sintomas graves;
5% ficam em estado crítico;
não foram registradas mortes de crianças de até 9 anos.
O infectologista Luis Fernando Aranha Camargo, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressalta, no entanto, que não se sabe ainda a respeito da sobrevida desses pacientes, o que vai acontecer a longo prazo.
Por isso, não é possível ainda fazer afirmações categóricas sobre os pacientes recuperados.
O coronavírus tem cura?
Não existe vacina ou tratamento contra o vírus até agora. Quando o ciclo do vírus termina — ou seja, você adquire a doença, mas, depois de um tempo, os sintomas desaparecem completamente — você estaria teoricamente curado. É a chamada cura espontânea.
Mas não se sabe, por exemplo, se nosso corpo adquire imunidade ao vírus após o primeiro contágio. China e Japão relataram casos de pacientes que pareciam ter se curado, mas voltaram a manifestar a doença — não se sabe, porém, se foram infectados uma segunda vez ou apenas tiveram uma recaída da primeira infecção.
A transmissão é rápida? Passa pela tosse?
Centenas de novos casos estão sendo registrados todos os dias. No entanto, os analistas acreditam que a real dimensão do surto pode ser 10 vezes maior que os números oficiais indicam.
Estima-se que no surto atual cada pessoa infectada passou a doença para menos de três pessoas, em média.
Em geral, todos os vírus que afetam o trato respiratório são transmitidos pela via aérea ou pelo contato das mãos com a boca ou com os olhos — respirando no mesmo ambiente, tocando algo que uma pessoa infectada tocou, por exemplo.
Até agora, a grande maioria dos casos do novo coronavírus registrados foram transmitidos entre pessoas com contato próximo, como familiares ou amigos e profissionais de saúde.
A definição de contato próximo do Ministério da Saúde brasileiro é "estar a dois metros de um paciente com suspeita de caso por 2019-nCoV, dentro da mesma sala ou área de atendimento (ou aeronaves ou outros meios de transporte), por um período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual. Ou cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de assistência médica".
Se a taxa de mortalidade é relativamente baixa, por que tanta preocupação?
Em primeiro lugar, o fato de estarmos diante de um novo vírus sempre gera uma preocupação maior porque não se sabe exatamente como ele se comporta, o quão facilmente sofre mutações.
Não é possível afirmar com certeza, por exemplo, se uma pessoa que foi infectada, mas ainda não apresenta sintomas, pode infectar outras.
O contágio assintomático durante o período de incubação (que varia entre 1 e 14 dias) é uma possibilidade bastante grande, segundo as autoridades de saúde, mas isso não está 100% comprovado.
Se confirmado, no entanto, significaria que o vírus tem uma capacidade de se alastrar maior do que a de outros agentes patogênicos, como o ebola ou o sarampo, em que o contágio só acontece quando há sintomas.
Além disso, não há imunidade na população para um novo vírus que surge de repente e se espalha rapidamente. Isso faz com que essa taxa relativamente pequena de mortos acabe representando um número absoluto alto de fatalidades.
Nesse sentido, preocupa a possibilidade de chegada do vírus a países com sistemas de saúde pública mais frágeis, com menos recursos, com menor capacidade para lidar com um volume alto de doentes de uma vez só.
Aliás, a OMS destacou recentemente que o Brasil tem um histórico de lidar com surtos e epidemias, com o caso recente da zika, que pode ajudar na luta contra a disseminação da doença.
A Organização Mundial da Saúde declarou que o vírus é um pandemia. O que isso significa?
O termo é usado para descrever uma situação em que uma doença infecciosa ameaça muitas pessoas ao redor do mundo simultaneamente.
Declarar uma pandemia significa dizer que os esforços para conter a expansão mundial do vírus falharam e que a epidemia está fora de controle.
Uma das pandemias mais graves já enfrentadas ocorreu entre 1918 e 1920. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia da gripe espanhola, mais do que os 17 milhões de vítimas, entre civis e militares, da 1ª Guerra Mundial.
Pandemias são mais prováveis com novos vírus. Como não temos defesas naturais contra eles ou medicamentos e vacinas para nos proteger, eles conseguem infectar muitas pessoas e se espalhar facilmente e de forma sustentada.
Na prática, ao afirmar que estamos diante de uma pandemia, a OMS sinaliza que é hora de passar para a fase de mitigação, ou seja, deixar de se concentrar na detecção de novos casos e adotar medidas para tratar os pacientes em estado mais grave e evitar mortes.
Tomar chá quente mata o vírus? Evitar boca seca mata o vírus?
Segundo o Ministério da Saúde, até o momento não há nenhum medicamento, substância, infusão, óleo essencial, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir ou tratar a infecção pelo novo coronavírus. Isso vale para todas as fake news envolvendo chá quente, vitamina C, vitamina D e bebida alcoólica, entre outras.
O que funciona, então, para combater o vírus?
Lavar as mãos com frequência é básico e é o que vem sendo apontado como mais eficaz;
Não botar a mão na boca, no nariz ou nos olhos também evita levar o vírus para as mucosas do corpo, por onde ele também entra. Entra também por via aérea, ou seja, alguém tosse, espirra e você respira aquilo;
É fundamental usar lenço na hora que tossir ou espirrar e jogar aquele papel fora na hora;
Não há evidências científicas de que as máscaras cirúrgicas sejam eficazes;
Manter hábitos saudáveis para fortalecer a imunidade. Ou seja, dormir a quantidade de horas certas para a sua idade, alimentar-se bem, manter-se hidratado, fazer exercícios físicos regularmente e tentar reduzir o estresse;
E, claro, se você tem uma gripe, evite o contato com outras pessoas, mas principalmente com idosos. Isso pode abrir caminho, por exemplo, para uma infecção cruzada de dois vírus da gripe diferentes que, claro, vão sobrecarregar o sistema imunológico da pessoa.
É verdade que esse vírus surgiu como uma arma biológica criada na China? É verdade que já existia patente de laboratório farmacêutico ligada ao novo coronavírus?
Primeiro, não há qualquer indício ou evidência de que esse novo vírus foi criado em laboratório. Também há informações falsas circulando sobre um instituto que teria feito uma patente de remédio para tratar o coronavírus. Mas esse instituto faz pesquisa sobre outros tipos de coronavírus, sem qualquer relação com o surto atual.
A droga, ainda em fase experimental e sem aprovação pelas autoridades competentes, foi usada apenas em animais. E pode, inclusive, ajudar os cientistas que hoje buscam desenvolver algum tipo de tratamento contra a covid-19.
Então, qual foi a origem do surto?
A hipótese mais provável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é que a epidemia começou em um mercado da cidade chinesa de Wuhan e foi transmitida de um animal vivo para um hospedeiro humano, antes de se espalhar de humano para humano.
Nesse mercado eram vendidos tanto animais vivos quanto já abatidos. Mas não se sabe ainda qual animal está ligado ao novo coronavírus.
Mas também não há certeza se de fato o surto começou no mercado chinês. Um estudo de pesquisadores chineses publicado no periódico médico Lancet alega que o primeiro diagnóstico da covid-19 ocorreu bem antes, em 1º de dezembro, e que o paciente em questão "não teve contato" com esse mercado de Wuhan.
Desvendar essa origem é um "trabalho de detetive", diz à BBC o professor Andrew Cunningham, da Zoological Society of London, no Reino Unido.
Uma grande variedade de animais pode ter servido como "hospedeiro" do vírus, especialmente o morcego, conhecido por ser portador de um número considerável de coronavírus diferentes.
Segundo Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, este é mais um vírus que chega à espécie humana por causa de impacto ambiental.
Ao desmatar, degradar o ambiente e ampliar a proximidade de animais silvestres para alimentação, recreação ou estimação, o homem se aproxima de vírus com os quais não tinha contato nem imunidade. Se expõe ao que ele chamou de uma nova virosfera.
Como um surto como esse acaba?
Diante do quadro de queda do número de novos casos da doença, autoridades chinesas já estimam que as transmissões estarão totalmente sob controle até abril. Por outro lado, temem que um eventual "efeito bumerangue", depois que uma pessoa oriunda do Irã chegou infectada ao país.
Especialistas também já esperavam que houvesse picos da doença em outros países além da China, mas não era possível prever quando isso ocorreria.
Ou seja, com base no que já ocorreu em epidemias anteriores, dá para estimar o que pode acontecer na trajetória do vírus, mas não quando ela vai acabar.
"Quando um vírus é introduzido em uma espécie, ele costuma causar doenças mais graves no início, mas depois passa por um processo de adaptação e se torna mais brando. Do ponto de vista evolucionário, ele precisa transmitir seus genes adiante. Não adianta matar todos os hospedeiros", diz Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.
Vírus são organismos propensos a sofrer mutações, o que permite que eles saltem de uma espécie para a outra, como teria ocorrido com este coronavírus.
Mas essa característica também permite que eles se tornem mais bem adaptados ao organismo humano e menos agressivos, aumentando as chances de convivermos com eles.
Há três grandes formas de uma transmissão chegar ao fim:
medidas adotadas por autoridades de saúde impedem que haja contato entre pacientes infectados e pessoas saudáveis, evitando novos contágios;
processo de imunização do hospedeiro, ou seja, quanto maior a circulação do vírus, mais pessoas adquirem anticorpos contra ele e ficam imunes, fazendo com que o vírus perca força, ou sejam vacinadas;
dizimar toda a população mundial, o que seria um fracasso para o vírus, porque ele morreria junto.
Fonte do Conteúdo: BBC e OMS
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